Publicado no Jornal do Commercio, em 22 de dezembro de 2013. Por Cleide Alves, da equipe de Cidades.
No Semiárido pernambucano há uma árvore conhecida como pau-de-abelha. O apelido não poderia ser melhor. Com galhos e tronco cheios de cavidades, a umburana-de-cambão (Commiphora leptophloeos) é um refúgio para abelhas nativas da caatinga, que usam os ocos para fazer ninhos. Depois de instalada, a colônia não sai mais da planta.
"Por isso defendemos a proteção da umburana-de-cambão. Conservar a espécie é uma forma de preservar as abelhas indígenas", declara o presidente da Associação Pernambucana de Apicultores e Meliponicultores (Apime), Alexandre Moura. A entidade entregou ao Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema) proposta para tornar a árvore imune ao corte.
A umburana-de-cambão é especial no Semiárido, afirma Alexandre Moura, porque a sobrevivência das abelhas sociais (vivem juntas em grandes colônias) brasileiras está ligada à existência da árvore. Psitacídeos como papagaio, jandaia e periquito também aproveitam as cavidades da planta como ninhais, acrescenta.
Insetos sem ferrão, as abelhas nativas não trocam de casa por um motivo curioso. Quando é fecundada, a rainha, responsável pela unidade familiar, perde a capacidade de voar, porque o corpo fica pesado para o tamanho das asas. Como a rainha não voa, a colônia não se desloca.
Segundo ele, no Semiárido há 187 espécies diferentes de abelhas. Polinizadoras, ajudam a perpetuar a vegetação, garantindo quantidade e qualidade de frutos e sementes, que servem de alimento para a fauna do bioma. "O agricultor que tem a umburana-de-cambão em sua terra consegue aumentar a produção", observa.
Protegida do corte, a árvore resguarda mais espécies polinizadoras, pela manutenção dos ninhos, destaca Alexandre Moura. As abelhas podem nidificar em outros tipos de plantas, diz ele, mas mostram preferência pela umburana-de-cambão e caatingueira.
De acordo com a Apime, a umburana-de-cambão, nativa da caatinga, é ameaçada por queimada, desmatamento, produção de lenha, fabricação de carvão, corte da madeira para o artesanato e confecção de colmeias e pela ação de caçadores de mel.
Ao fazer a defesa da proposta na reunião do Consema, dia 13 último, a Apime lembrou que a proteção da planta está apoiada em recomendações científicas e na Convenção da Biodiversidade, da qual o Brasil é signatário. "Também está baseada no Plano Estadual de Combate à Desertificação, pois a polinização contribui com a conservação de espécies vegetais."
A sugestão da Apime será analisada pela Câmara Técnica de Biodiversidade do Consema, antes de ser novamente levada ao plenário do conselho, na próxima reunião, marcada para fevereiro de 2014.
Sérgio Xavier, presidente do Consema e secretário estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade, é favorável ao pedido. "É uma decisão da secretaria proteger a planta. Precisamos detalhar de que forma isso pode ser feito, vamos definir o instrumento jurídico necessário para que a medida tenha efeito prático. A câmara técnica vai aprofundar a discussão", diz ele.
www.slideshare.net/slideshow/embed_code/29426306" https://pt.slideshare.net/verasouto/abelhas-29426306
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