A APIME – Associação Pernambucana de Apicultores e
Meliponicultores pautou como prioridade para
seus trabalhos em 2014 à conservação das abelhas nativas da
caatinga e da umburana de cambão.
Em todo o mundo existem milhares de espécies de abelhas,
entre espécies sociais e solitárias. No Brasil estima-se existir 200 a 300
espécies sociais. Elas cumprem o importante papel (serviço ambiental) da
polinização, em que 90 % das espécies vegetais (com flores) são polinizadas por
esses insetos. Assim, as abelhas contribuem significativamente, em alguns casos
exclusivamente, na produção de sementes e frutos, o que garante a manutenção da
vegetação e da fauna de um bioma. Da mesma forma contribuem no aumento da
produtividade agrícola, cuja estimativa que sejam responsáveis por 30% do
alimento produzido no mundo.
No Semiárido Brasileiro existem 187 espécies de abelhas. Das
abelhas sociais nativas do semiárido, cuja particularidade é não possuírem
ferrão, algumas são bastante conhecidas e até dão nome a cidades e localidades,
como Sanharó (Cidade), Uruçu-mirim (distrito de Gravatá) conhecida por Jandaíra,
Manduri (distrito), Mandaçaia, Canudo, Cupira entre outras.
Outra particularidade é que essas abelhas sociais (a maioria
das espécies) fazem seus ninhos exclusivamente em cavidades (ocos) de árvores,
onde estabelecem definitivamente sua colônia não mais saindo daquele local, em
razão de sua rainha, depois de fecundada não mais voar. Assim, a conservação
desses locais de nidificação (essas árvores) se torna fundamental para a existência
das colônias e consequentemente da sua preservação e do bioma caatinga.
Apesar de existirem diversas espécies vegetais na caatinga que
podem abrigar ninhos de abelhas nativas, duas se destacam: a Umburana de Cambão
(Commiphora leptophloeos) e a
Caatingueira. (Nessa discussão o foco será a umburana).
A umburana de cambão passa a representar quase um “habitat” quanto
a sua importância para vida das abelhas nativas, pois é nela que se
baseia a sua existência, a existência de sua colônia, o seu ninho.
Porém, a Umburana de Cambão está sendo dizimada da Caatinga por
um processo de sobre exploração predatória e junto com ela, também as colônias
naturais de abelhas sociais. As explorações e depredações vão desde queimadas, desmatamentos
para empreendimentos, produção de lenha, fabricação de carvão, obtenção de
madeira para o artesanato, obtenção de tábuas para confecção de colmeias e até
pela ação de meleiros (caçadores de mel).
Mesmo sendo reconhecida sua importância para conservação das
abelhas nativas, por meliponicultores, por pesquisadores e pela academia (Martins
Celso, Kerr, Paulo Nogueira-Neto, Roubick, Imperatriz-Fonseca, Cortopassi,
Marilda, Carvalho, Airton, entre outros), por associações, federações e a
Confederação Brasileira de Apicultores e Meliponicultores (CBA), até a presente
data não houve uma iniciativa efetiva para a proteção da umburana de cambão
como forma de conservar os locais de nidificação de abelhas nativas e de outros
animais como os psitacídeos (periquitos, papagaios em que também utilizam a
umburana para fazerem seus ninhos).
Assim, essa é a razão da APIME ter trazido à pauta de
discussão e luta nesse ano de 2014, esse tema, para ser discutido em várias
instâncias e fóruns.
Teremos nas próximas reuniões Conselho Estadual de Meio
Ambiente de Pernambuco - CONSEMA/PE esse assunto, onde surgi a grande
oportunidade de discutirmos e aprovarmos encaminhamentos e/ou resoluções, de
efeito prático e imediato para a proteção das abelhas nativas e outros animais
a partir da preservação de uma espécie vegetal.
Acreditamos ser uma proposta única na história da política
ambiental, em que se preservando uma só espécie vegetal, se possa desencadear
um processo direto de conservação de diversas espécies animais (abelhas e
psitacídeos) em todo o bioma.
Queremos construir uma proposta baseada nas recomendações
científicas, como a de reconhecer a umburana como “espécie chave” na conservação
dos meliponíneos e no que estabelece a Convenção da Biodiversidade da qual o
Brasil é signatário. Baseado também nos propósitos do Plano Estadual de Combate
à Desertificação onde se destaca a conservação da vegetação como medida de
combate à desertificação e a polinização contribui diretamente nesse aspecto.
Precisaremos para isso de decisões acertadas, diretas. Não
caberá mais se pensar em medidas paliativas ou de agrado. Caberá sim, “revelar
o relevante”, que no caso é a conservação de um bioma, de espécies ameaçadas,
do patrimônio natural de toda a sociedade.
Por isso convidamos você a construir essa proposta pautada
nesses princípios.
Envie suas sugestões, recomendações, orientações, minutas de resoluções,
referências bibliográficas para o e-mail: apime.pe@hotmail.com
ou correspondências para o endereço: APIME – Rua da Aurora, 295, Sala 917 – Boa
Vista – Recife – PE – CEP 50050-000.
Recife - PE, 02 de janeiro de 2014
Associação Pernambucana de Apicultores e
Meliponicultores – APIME
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