O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) realizou, na tarde de ontem (11), no Salão dos Órgãos Colegiados, no Recife, audiência pública para discutir sobre os impactos causados pela utilização de agrotóxicos em Pernambuco, suas consequências para a saúde do trabalhador e do meio ambiente.
A APIME participou da audiência e registrou a sua posição quanto ao uso dos agrotóxicos e evidenciando as suas conseqüências maléficas para a apicultura e meliponicultura trazendo para a plenária as seguintes afirmativas:
“A agricultura agroecológica familiar não se faz sem a presença dos polinizadores nativos, principalmente as abelhas nativas”.
“Para as abelhas nativas não existe uso adequado dos agrotóxicos”
“Os agrotóxicos: matam as abelhas, Eliminam a flora (Herbicidas eliminam todo tipo de erva) e Contaminam seu produtos (mel e pólen)”.
“Trazemos alguns exemplos de que os agrotóxicos matam as abelhas nativas, seus indivíduos e suas colônias (locais de nidificação):
· O “fumacê”, a pulverização de veneno contra o mosquito da dengue lançado ao ar dizimou inúmeras colônias de abelhas nativas nos centros urbanos de diversas cidades em todo o país.
· O cupinicida utilizado no colmo de cana-de-açúcar na hora do plantio contaminam as abelhas que vão a estes pedaços de cana para sugar a exsudação (caldo de cana) e se contaminam levando para as colméias onde através da trofalaxe (troca de alimentos) contamina outras abelhas na colméia ocasionando a morte das colônias.
· A pulverização aérea de veneno matam os polinizadores (abelhas nativas, sociais e solitárias) encontrados nos remanescentes de vegetação nativa (matas).”
“Declaramos que a APIME está alinhada com a posição dos demais participantes desta Audiência Pública no sentido de se banir o uso de agrotóxicos".
Transcrição de notícia do Ministério Público Estadual (http://www.mp.pe.gov.br/index.pl/20111207_agrotoxicos)
Os agrotóxicos contaminam a produção dos alimentos e a água. Além disso, um dado alarmante preocupa diversas entidades: o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo desde 2009.
Na ocasião, o promotor de Justiça, Edson Guerra, ressaltou a importância do tema que deve interessar toda a sociedade. “É necessário que a sociedade discuta esta questão sobre utilização de agrotóxicos, de modo que reflita o quanto é prejudicial à saúde o seu uso. Diminuir sua utilização não basta, é preciso que sejamos radicais e afastemos os agrotóxicos de uma vez. Esta já é uma prioridade da Promotoria de Reforma Agrária”.
Os agrotóxicos causam uma série de doenças sérias para os trabalhadores rurais, comunidades rurais e toda a população em geral que consomem alimentos com substâncias tóxicas. Dados oficias também revelam que o brasileiro consome 5, 2 litros de venenos por ano. “É necessário educação ambiental e mobilização geral da população. Espero que tenhamos participação ativa dos demais órgãos para entender que a metodologia proposta de eliminar os agrotóxicos é o que vai salvar as nossas famílias”, pontuou Guerra.
Ainda na reunião, o coordenador estadual da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Plácido Júnior e o padre Thiago Torby, também representando a CPT, salientaram sobre os problemas que os agrotóxicos geram para a sociedade. “O agrotóxico é só um tentáculo do monstro que alimenta as grandes empresas que lucram com esse modelo. É hora de discutirmos que modelo queremos para nós”, disse Plácido.
Reportagem:
Agrotóxico reduziu produção de mel no RS, denuncia agrônomo (Sebastião Pinheiro), 2008.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui seu comentário, ele é muito importante para a APIME.